Tavinho era um menino bacana. Dividia sempre o seu lanche com o Janjão do 2º ano, que não trazia merenda de casa e não questionava nunca os professores, a menos que tivesse alguma dúvida construtiva. A turma até zoava ele, dizendo que era o “príncipe” de todas as quartas séries.
Ele nunca faltava à aula, seu uniforme estava sempre bem cuidado e seus cabelos sempre penteados. Quem o via, podia dizer que ele sempre parecia recém-saído do banho, o que era, aliás, outro motivo de chacota entre os colegas. Apesar disso tudo, todos gostavam do Tavinho e quando as professoras contaram que ele passaria alguns meses internado, pois havia sido picado por uma colmeia inteira de marimbondos, o burburinho foi imenso na hora do recreio.
— A gente precisa salvar o Tavinho! — Janjão foi o primeiro a levantar a voz.
Valentina, que sempre era muito serena e raramente se envolvia nas aventuras e confusões dos meninos, dessa vez estava ali e fez coro à voz do escudeiro de Tavinho.
— Também acho. Mas o que a gente pode fazer? Ele tá no hospital.
— Meu pai quando vê marimbondo, bota fogo na ponta de um bambu e mata eles sufocados.
— Ai, mas matar os bichinhos não! — Disse Luísa, que estava ali também, para ajudar os amigos a salvar o príncipe do recreio. — Só pode ter sido sem querer. Tavinho não é mau, ele não ia mexer com marimbondo.
A professora Daiane, que passava ali por perto, quando ouviu essa conversa, começou a olhar para o grupo com interesse, até que foi notada:
— Oi professora, estamos montando um grupo de resgate pro Tavinho! — Janjão falou animado.
— E o que vocês pretendem fazer?
— Se vingar dos marimbondos e tirar o Tavinho do hospital!
— Janjão! Mas que ideia perigosa! Além do mais, os Marimbondos não fizeram por mal. Tavinho teve um acidente de bicicleta e bateu numa árvore onde havia uma casa dos bichos. Por sorte ele conseguiu correr a tempo, mas ele vai ficar bom logo. Não brinquem com esse tipo de inseto crianças, eles são muito bravos e territorialistas.
— Territo-que?
— Territorialistas, significa que eles defendem seus lares, João.
— Ah sim! Mas se a gente não pode defumar os marimbondo, o que podemos fazer pelo Tavinho?
Daiane sorriu, ela sabia que as crianças precisavam se ocupar para superar a notícia do acidente do amiguinho.
— Vamos fazer assim. Todos vocês vão se espalhar pela escola hoje e buscar alguma coisa de que o Tavinho Gosta. Em seguida, nós vamos escrever um cartão de melhoras para ele e falar dessas coisas que vocês escolheram para entregar quando ele voltasse, pode ser?
— Eba!! — Gritaram em eco.
A professora sorriu. Nem todas as missões de resgate precisavam ser perigosas.
Como usar esse post em seu RPG?
Olá meus caros jogadores e mestres de RPG! Seguimos firmes no #RPGTober, usando a lista criada pela nossa Embaixadora de Solária, @aluluzinha_mf lá no X (antigo twitter). O tema do 11º dia de outubro é “Infantil” e eu confesso que esse me pegou um pouco. Sou péssimo com histórias simples, gosto do drama, do perigo, do pitoresco haha. Como contar para uma criança uma aventura de RPG sem envolver violência? Eu particularmente acho difícil, mas tem muita gente que faz isso bem, muito bem e inclusive temos alguns RPG’s com essa temática.
Mas falemos um pouco de mecânica.
O grupo de aventureiros que busca resgatar Tavinho, deve encontrar coisas das quais o menino gosta, espalhadas pela escola. Isso de início pode ser bem bobo e casual, mas se emprestarmos um pouco de imaginação para as “missões” de cada um, podemos criar algo único.
Quer ver como?
“Janjão decidiu ir até a biblioteca, pois sabe que há lá um livro que seu amigo gosta muito. O problema é que a Tia Eliete, bibliotecária, assusta demais o menino que é desajeitado e barulhento.”
Eu, enquanto narrador dessa aventura, colocaria alguns desafios bem simples, mas divertidos para o jogador do Janjão. Alguns dilemas envolvendo furtividade. Um doce bem gostoso em cima do Balcão que chama a atenção (sabemos que Janjão tem um fraco por doces e infelizmente não leva merenda) enquanto a Tia Eliete puxa um ronco… São várias as possibilidades.
Sistemas, bem… Não conheço muitos sistemas com essa temática, então vou indicar o financiamento do momento d’O Reino Mágico Debaixo da Cama.
Espero que gostem.
A imagem desse post é divulgada sob a licença Creative Commons: “Paper wasp nest” by John Tann is licensed under CC BY 2.0.
Mestre Siegfrito 
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